segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Resumo de Sessão #3 - Os Esgotos de Roarc

    Salve! Este é o terceiro resumo das sessões de campanha mais antigas, contando as aventuras e (mais recorrentes) desventuras do maior grupo de heróis desbravadores que Tellerian já viu.
    Os personagens são a elfa ladina Laurana (Julia), a senhorita discórdia, que sempre pensa em si mesma antes de qualquer coisa; o elfo monge Gadeus (Neto), o mais comedido do grupo, com a pior mão de todos (haja falha crítica); o bárbaro meio orc Ugo (Caio), que apesar de ser o louco do grupo, algumas vezes põe os óculos da sabedoria e vira o conselheiro; o feiticeiro meio anjo Kaly (Eddie), que tem um código dos heróis, mas sempre acha brecha pra fazer coisas erradas (os Deuses estão vendo); a paladina draconato Brianna (Marcela), que definitivamente deixaria você morrer só pra dar mais uma machadada no inimigo; e o arcanista  milenar Rafiki (Arthur), também conhecido por sua arte de tortura física e psicológica (você ainda tem dezoito dedos...).

   Na sessão anterior (embora talvez tenha sido na mesma sessão), vemos o acréscimo de mais dois personagens ao grupo: Kaly e Brianna. Após uma luta tremendamente desvantajosa contra uma horda de mortos vivos, o grupo encontra uma caverna, enfurece um orbe mágico e - após quase serem soterrados - voltam ao deserto, já durante o dia.

Capítulo 3: Os Esgotos de Roarc

   A trilha fria deixada por Azira tornava-se cada vez mais difícil de seguir e os aventureiros viram-se cada vez mais incertos quanto ao rumo que deveriam tomar na terra seca e infértil das terras baixas. Descobriram que Brianna estava viajando para o leste também, em busca de informações sobre a manopla antiga que seu protetor a havia encarregado de proteger. Após dias peregrinando, o grupo finalmente voltou a encontrar campos gramados e colinas, mas seus mantimentos já estavam tão escassos que a visão do verde pouco os animou.


   Nenhum deles tinha grande experiência como caçador e nem mesmo um arco curto tinham à disposição para acertar um dos pássaros que voavam sobre suas cabeças. Lebres se afastavam rápido demais para que as capturassem e nenhum reflexo de água era visto há dias.

   Neste ponto, a trilha de Azira tomou a direção norte. Ao longe, avistaram uma grande cidade. Diante da difícil decisão, preferiram rumar para a cidade, onde poderiam recuperar suas forças e conseguir algum dinheiro para comprar mantimentos antes de continuar a perseguição. Assim, no cair da tarde, o grupo de aventureiros ingressou nas ruas tortas e sujas de Roarc. 

   Após um jantar apressado, os aventureiros conversaram com alguns homens de negócios da cidade, vendendo seus serviços em troca de algumas moedas. Após a barganha, já no fim da noite, fecharam um contrato com um grande mercador da cidade. Alguém havia roubado uma peça de sua coleção, uma espada que lhe era muito querida. Seguira o rastro até onde pudera, mas o ladrão se evadira para o esgoto e ele não se atrevera a seguir, pois uma infestação de criaturas estranhas estava fazendo ninhos sob as ruas.

   Após uma reconfortante noite de sono e um café da manhã melhor do que tudo que haviam comido durante as últimas duas semanas, o grupo se preparou para a missão. Com poucas informações além do formato da espada, afiaram as lâminas e prepararam suas tochas e lamparinas.
 
  Descendo por uma escada estreita na periferia da cidade, o grupo chegou num túnel escuro e abafado. Embora chamado de esgoto, a grade de túneis subterrâneos era em sua maior parte um escoadouro, apenas uma parte menor realmente fluía com excrementos humanos.

   Rastros de passos se destacavam no chão úmido e logo puseram-se a caminho, enveredando por esquinas e longos túneis de pedra.  Numa encruzilhada, viram uma ponte enferrujada de metal, presa por correntes ao teto e balançando suavemente sobre um redemoinho metros abaixo, como um imenso ralo.
       Atrás deles, no escuro além do tremular de suas chamas, ouviram ruídos e passos. Os elfos, através da penumbra, enxergaram silhuetas pequenas e esguias saindo das paredes ou surgindo das esquinas mais distantes. Da escuridão, uma pedra assobiou no ar, atingindo Gadeus na face.
       Dos outros túneis, surgiu outra dúzia destas criaturas. Do tamanho e com a massa corporal de uma criança raquítica, tinham faces compridas e distorcidas. A pele era escura e áspera, com unhas compridas e olhos fundos e baços, quase negros. traziam pedaços de cano enferrujado e barras de aço retorcido nas mãos.
     Dividindo-se, o grupo partiu para a ação, antes que fossem completamente cercados. Com a agilidade da sua raça, os elfos correram sobre a ponte que balançava, dando combate às criaturas que vinham da frente; Ugo sacou um de seus machados, assim como Brianna tirou o seu, com tochas numa mão e machados na outra, os dois voltaram pelo túnel, combatendo os inimigos que vinham por trás. Atento para ambos os combates, Kaly permaneceu no centro, para dar suporte aos aliados à frente e atrás.
    
    Enquanto os dois guerreiros dilaceravam os inimigos com golpes de machado, Laurana dançava com facas entre meia dúzia daqueles monstros. Gadeus arremessou um dos adversários para o esgoto abaixo e Kaly esticou a mão, conjurando um disparo gelado de força arcana; as duas criaturas tocadas pelo raio paralisaram, recobertas por uma casca de gelo.
    No calor da batalha, Gadeus errou um de seus golpes, atingindo com toda a força uma das correntes que sustentavam a ponte. O som metálico ressoou pela câmara e toda a estrutura metálica pendeu para um dos lados. Laurana largou uma das facas que trazia à mão e saltou de lado, agarrando-se à barra da ponte. Com grande estrondo, outra das correntes estourou, desmoronando pedras e poeira sobre eles. Todas as criaturas restantes, desesperadas, rolaram pela grade enquanto a ponte balançava de um lado para o outro, presa ao teto por apenas duas correntes.

    Gadeus tentou, mas não conseguiu se segurar e mesmo com a tentativa de Laurana de salvá-lo, o monge seguiu os inimigos, caindo na água turbulenta abaixo. A força da correnteza o fez girar e girar, e apesar de seus esforços para permanecer na superfície, engolia mais e mais água. Estava prestes a perder a consciência, quando o menino anjo juntou todas as forças que lhe restavam para projetar um fluxo de energia fria e densa na direção da água.
   Guiando o jorro de poder com ambas as mãos, Kaly congelou toda a superfície, impedindo que Gadeus se afogasse. Tossindo e tremendo, o monge se puxou para cima do gelo, arrastando-se na direção do amigo. A camada de gelo tremia vigorosamente, na medida em que o redemoinho tentava romper a prisão congelada que o mantinha quieto.

    Velozmente, Ugo tirou a corda que trazia na bolsa, jogando-a para o elfo lá embaixo. Um segundo depois que Gadeus segurou a trança, o gelo se rompeu, mas Ugo e Brianna uniram-se para trazê-lo à segurança. O monge desmaiou, mas Kaly forçou sua consciência, curando-o, para que o elfo vomitasse toda a água que engolira. A este ponto, Laurana já tinha se equilibrado sobre a borda da ponte e voltado para o túnel do qual vieram.

    Sem ter como avançar, o grupo procurou outro caminho e vagou pelo que pareceram horas a fio, antes de encontrar uma câmara iluminada por lamparinas, na qual um homem velho e careca comia uma massa escura num pote de barro. Num canto, junto de outras peças de saque, jazia a espada que procuravam. Exigiram o item de volta, sacando as armas, mas o velho apenas riu uma com uma voz cacarejante.
    Das sombras atrás dele, três lagartos grandes como cavalos surgiram. Um fino e esguio, com patas compridas; um grande e musculoso, com imensos dentes à mostra; e um gordo e cambaleante, com papadas iguais a de um sapo.

    O combate foi difícil. Laurana saltou sobre o velho, mas foi interceptada pelo lagarto mordedor e derrubada no chão entre os três.
    Embora Kaly tenha congelado e estilhaçado o lagarto mais esguio assim que ele partiu sobre o grupo, a criatura semelhante a um sapo berrou um som agudo, que feriu os ouvidos de todos. Ugo, que estava bem diante dela, caiu, desacordado. As tochas jaziam no chão e, no escuro quase completo, os aventureiros não sabiam o que ocorria com Laurana.
    Gadeus saltou sobre o monstro, perfurando sua garganta com um soco poderoso, antes que ela pudesse gritar novamente. O velho sacara a espada, tentando golpear o monge pelas costas, mas Brianna bloqueou o golpe.
    O menino anjo curou o bárbaro que ergueu-se com a fúria nos olhos. Temendo que o meio orc atacasse os próprios companheiros, Kaly usou de toda a sua energia para curar novamente Ugo, de forma que este retomasse sua plena consciência.
    Enquanto isso, Laurana (com um azar desgraçado nos dados) era atacada outra e outra vez pelo lagarto que a agarrara. Sob a criatura, a elfa tentava se proteger, tomando dentadas e dentadas nos braços e ombros. Aos gritos e prantos, coberta do próprio sangue, a ladina sacou uma das facas, afastando a criatura de si com uma mão e degolando-a com a outra.
    Por fim, Ugo saltou sobre o cadáver da criatura que Gadeus derrubara, golpeando o velho no ombro com seu machado e partindo a carne do homem até o externo. Ensanguentados e atordoados, os companheiros recolheram o saque do velho, curando-se com o que restava na energia do meio anjo, antes de voltar à superfície.

   No estado em que estavam, só poderiam seguir atrás das recompensas no dia posterior. Por isso, encontraram a hospedaria mais próxima e, pagando o que lhes foi pedido, aceitaram as camas, ávidos por descanso.

   Considerações: Pois é... Talvez eu não tenha conseguido passar ao escrever, mas essa foi uma das sessões mais tensas que nós tivemos. Nessas horas de jogo, vimos os PJs quase morrerem MUITAS VEZES. Muitas, mas muitas mesmo. Afogados, mordidos, gritados, congelados, perfurados e etc...
    Foi AQUELA sessão, regada de lágrimas e com a Julia falando "meeeeeu irmãããão, a gente vai se fudeeeeeer" a cada cinco minutos. Enfim, um jogaço. Assim, os PJs começaram a sentir o ritmo de jogo e como é fácil perecer nas minhas mesas.
  

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