Bem vindos de volta! Esta narrativa conta fatos offgame, que os jogadores não fizeram parte - ao menos não diretamente. As narrativas como esta serão um modo de mostrar as pequenas e grandes mudanças que os jogadores causaram em Tellerian, para o bem ou para o mal, assim como contextualizar cidades, povos, lugares e pessoas.
Os fatos a partir daqui contados se referem à 2ª Temporada de Tellerian, 84 anos após a campanha original. Os personagens desta vez são: o guerreiro anão Belgest (Luis), neto de Belar, que foi personagem do mesmo jogador na Temporada anterior; Adaak (Neto), um paladino que se juntou à Ethos para se redimir de ter causado a morte da própria família num acesso de fúria sobrenatural; o clérigo Érebor (Eddie), com um passado sombrio e uma conexão simbiótica com um espírito das trevas chamado de Umbra; Raduh (Caio), um draconato verde exilado, que se juntou a Resistência Arcana e se tornou um cavaleiro rúnico com poderes das trevas [vocês o verão aqui no blog através de seu diário]; Lilrelei, ou Liu, (Mateus), um ladino explorador meio elfo, irmão de Ellian (Marcela), uma meia elfa como o irmão, mas com um espírito sanguinário de bárbara; e Miryo (Sara), uma ranger desertora da Ethos, cuja família foi assassinada pela própria instituição, fato que ela descobriu tardiamente.
Narrativa #3 - Sombras e Poeira
Narrativa #3 - Sombras e Poeira
O silêncio pesava sobre a biblioteca como se estivesse apertando o ar.

Meia dúzia de velas tremulavam em volta do seu grimório, dando luz para
que ele pudesse transcrever as complicadas fórmulas que viera estudando
para mostrar ao Fundador, que viria à Pedrabranca no solstício de
inverno, dali a duas semanas.
Terminou outro parágrafo e largou a
pena, fechando o tinteiro, os olhos e espreguiçando-se com uma
maravilhosa sensação de dever cumprido.
Cássio estava estudando
para ser bruxo há quase quatro anos e já começava a aprender feitiços de
verdade. Treiná-los era mais complicado... Parou de pensar e concentrou-se, olhando com firmeza para uma das velas que haviam apagado e
começou a repetir mentalmente a fórmula que Wolfgang o ensinara.
A confiança ainda vacilava, mas ele logo sentiu o familiar frio na barriga. Um formigamento na língua, um arrepio na nuca.
– Kae... – Um som surdo ecoou pela biblioteca e Cássio se pôs de pé num sobressalto. – Eu juro que não ia-.
O silêncio retornou num átimo, tão profundo quanto antes do estrondo e,
por um segundo, o jovem permaneceu completamente parado. Alguns
segundos depois, um vento frio percorreu o corredor, arrepiando-lhe
todos os pelos do corpo. O som de uma janela batendo, aberta, por algum
motivo fez seu coração acelerar.
Cássio recolheu suas coisas às
pressas, tomado por uma urgência e um medo irracional e sem controle.
Engolia em seco sentindo o coração bater contra a garganta ao correr
desenfreadamente entre as estantes com todos os seus livros apertados contra o peito.
O desespero aumentava a cada segundo e ele não mais dava atenção às penas, tintas e pergaminhos que caíam pelo chão.
Avistou a porta dos dormitórios já ofegante. Alcançava metade do caminho até lá quando reparou que havia algo em seu
caminho. Não conseguia discernir mais que uma silhueta no escuro e
quando os olhos vermelhos o encararam, seu grito não fez som.
No outro dia ninguém reparou que os olhos de Cássio pareciam um pouco... Vermelhos.
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