domingo, 24 de maio de 2015

Narrativa #3: Sombras e Poeira

    Bem vindos de volta! Esta narrativa conta fatos offgame, que os jogadores não fizeram parte - ao menos não diretamente. As narrativas como esta serão um modo de mostrar as pequenas e grandes mudanças que os jogadores causaram em Tellerian, para o bem ou para o mal, assim como contextualizar cidades, povos, lugares e pessoas.
    Os fatos a partir daqui contados se referem à 2ª Temporada de Tellerian, 84 anos após a campanha original. Os personagens desta vez são: o guerreiro anão Belgest (Luis), neto de Belar, que foi personagem do mesmo jogador na Temporada anterior; Adaak (Neto), um paladino que se juntou à Ethos para se redimir de ter causado a morte da própria família num acesso de fúria sobrenatural; o clérigo Érebor (Eddie), com um passado sombrio e uma conexão simbiótica com um espírito das trevas chamado de Umbra; Raduh (Caio), um draconato verde exilado, que se juntou a Resistência Arcana e se tornou um cavaleiro rúnico com poderes das trevas [vocês o verão aqui no blog através de seu diário]; Lilrelei, ou Liu, (Mateus), um ladino explorador meio elfo, irmão de Ellian (Marcela), uma meia elfa como o irmão, mas com um espírito sanguinário de bárbara; e Miryo (Sara), uma ranger desertora da Ethos, cuja família foi assassinada pela própria instituição, fato que ela descobriu tardiamente.

Narrativa #3 - Sombras e Poeira

     O silêncio pesava sobre a biblioteca como se estivesse apertando o ar.

    Já passava da meia noite, mas Cássio ainda permanecia concentrado, pois atrasara seus projetos e Wolfgang, seu professor e diretor da biblioteca, o havia dado uma das maiores broncas da sua vida.
   Meia dúzia de velas tremulavam em volta do seu grimório, dando luz para que ele pudesse transcrever as complicadas fórmulas que viera estudando para mostrar ao Fundador, que viria à Pedrabranca no solstício de inverno, dali a duas semanas.
   Terminou outro parágrafo e largou a pena, fechando o tinteiro, os olhos e espreguiçando-se com uma maravilhosa sensação de dever cumprido.

    Cássio estava estudando para ser bruxo há quase quatro anos e já começava a aprender feitiços de verdade. Treiná-los era mais complicado... Parou de pensar e concentrou-se, olhando com firmeza para uma das velas que haviam apagado e começou a repetir mentalmente a fórmula que Wolfgang o ensinara.
    A confiança ainda vacilava, mas ele logo sentiu o familiar frio na barriga. Um formigamento na língua, um arrepio na nuca.

   – Kae... – Um som surdo ecoou pela biblioteca e Cássio se pôs de pé num sobressalto. – Eu juro que não ia-.

     O silêncio retornou num átimo, tão profundo quanto antes do estrondo e, por um segundo, o jovem permaneceu completamente parado. Alguns segundos depois, um vento frio percorreu o corredor, arrepiando-lhe todos os pelos do corpo. O som de uma janela batendo, aberta, por algum motivo fez seu coração acelerar. 

     Cássio recolheu suas coisas às pressas, tomado por uma urgência e um medo irracional e sem controle. Engolia em seco sentindo o coração bater contra a garganta ao correr desenfreadamente entre as estantes com todos os seus livros apertados contra o peito.
    O desespero aumentava a cada segundo e ele não mais dava atenção às penas, tintas e pergaminhos que caíam pelo chão. 

     Avistou a porta dos dormitórios já ofegante. Alcançava metade do caminho até lá quando reparou que havia algo em seu caminho. Não conseguia discernir mais que uma silhueta no escuro e quando os olhos vermelhos o encararam, seu grito não fez som. 

    No outro dia ninguém reparou que os olhos de Cássio pareciam um pouco... Vermelhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário